Depoimento de Funaro à PF deve complicar situação de Temer
Bom dia. Se a medida provisória que
amplia poderes do Banco Central provocou incômodo entre procuradores, o segundo
depoimento do doleiro Lúcio Funaro à Polícia Federal deve causar mais dores de
cabeça ao presidente Michel Temer. Mesmo afastado do cargo, Aécio Neves
continuará recebendo parte do salário. Se são muitas as notícias sobre a
República investigada, infelizmente faltarão os aguçados comentários de Jorge
Bastos Moreno. Não deixe de ler o que contam os amigos sobre o jornalista que
acompanhou de perto os principais fatos históricos do país nos últimos 40 anos.
CHICO
AMARAL, EDITOR EXECUTIVO
Mesmo afastado, Aécio mantém parte do salário de R$ 33,7 mil
Tucano perde apenas verba de gabinete e direito a uso do carro oficial.
BRASÍLIA — O presidente do Senado, Eunício Oliveira
(PSDB-CE), encontrou-se nesta quarta-feira com o ministro Marco Aurélio Mello,
do Supremo Tribunal Federal (STF) para apresentar as providências já tomadas em
relação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do cargo no dia 18 de maio,
por decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo. O nome
de Aécio não está mais no painel do Senado, e o tucano perdeu o direito à verba
de gabinete e ao uso do carro oficial. Mesmo afastado, porém Aécio continuará a
receber parte do salário-base de R$ 33,763.
Ao GLOBO, Eunício disse ter explicado ao ministro
que o regimento do Senado obriga a instituição a pagar a Aécio 1/3 de seu
salário, pois ele não perdeu o mandato. Os 2/3 restantes, que não serão pagos, são
referentes à ausência do parlamentar na Casa. O presidente do Senado disse que
foi até o Supremo também para dirimir dúvidas que tinha com relação aos
direitos do tucano.
Marco Aurélio afirmara que a decisão do ministro
Fachin estava sendo descumprida e que o Senado não nomeara o suplente no lugar
de Aécio. Eunício relatou a ele todos os atos administrativos que comprovarim
que desde o dia 18 de maio foram suspensas prerrogativas como o carro oficial,
além do bloqueio do nome do senador tucano no painel de votações. Segundo o
presidente do Senado, foi um encontro institucional, de presidente de poder,
para mostrar ao ministro que ele cumpriu “fielmente” tudo que tinha que ser
feito em relação à determinação de Edison Fachin em seu despacho.
— Essas medidas foram tomadas desde o dia 18, não
foram tomadas agora. O painel já estava bloqueado e, mesmo que quisesse, Aécio
não poderia votar. Sobre a convocação do suplente, a Constituição diz que só
posso convocar depois de 120 dias de afastamento do titular. O senador Aécio
não teve o mandato extinto, e a dúvida era se o gabinete podia continuar
funcionando. Consultei e o ministro Marco Aurélio concordou que podia continuar
funcionando. O salário é composto da seguinte forma: 1/3 é automático e 2/3 são
mediante presença. Então, desde o dia 18 esses 2/3 estão suspensos — disse
Eunício.
Depois da reunião com Marco Aurélio — na véspera
ele se encontrara com a presidente do STF, Cármen Lúcia, e com Fachin —,
Eunício se encontrou com o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissatti, para
informá-lo sobre as reuniões e providências tomadas em relação a Aécio. Sobre a
comparação com o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), que após decisão do Supremo,
semelhante à de Aécio, teve as prerrogativas cortadas, Eunício disse que o caso
é diferente, porque o peemedebista era suplente.
— Não fui ao Supremo como advogado de Aécio. Fui
como presidente de poder para mostrar que as determinações do STF foram
seguidas fielmente desde o dia 18, quando encaminhei ao senador Aécio o ofício
determinando seu afastamento das funções legislativas. A conversa institucional
meu deu a tranquilidade de que cumprimos tudo que tinha que ser feito — disse
Eunício.
Aécio também teve suspenso o direito a verba
indenizatória. No portal do Senado foi feito um registro de que o senador está
afastado do mandato por decisão judicial. Aécio foi alvo de uma operação da
Polícia Federal no último dia 18, com base em delações da JBS. Segundo
delatores do frigorífico, o senador afastado teria pedido R$ 2 milhões a
Joesley Batista, dono da JBS. No mesmo dia, a irmã do senador, Andrea Neves, foi
presa.
Fonte:
O Globo
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