O ANTAGONISTA
Cármen Lúcia, presidente do STF, até
que começou o ano bem.
Teori Zavascki, o relator da Lava Jato
no Supremo, morreu no dia 19 de
janeiro, deixando por homologar a delação da
Odebrecht.
Rodrigo Maia nunca esteve tão perto da
Presidência como em 2017.
Reveladas as gravações da conversa
subterrânea entre Michel Temer e Joesley Batista, o mundo político e também o econômico passaram a debater a substituição do presidente — e o
sucessor legal era (e ainda é) o presidente da Câmara.
Conduzida
ao cargo sob as bênçãos de José Sarney e Renan Calheiros, Raquel Dodge estreou no comando da
Procuradoria-Geral da República sob suspeita de quem apoia a Lava Jato: no
discurso de posse, nem sequer citou a operação que revelou o estado de putrefação do sistema
político nacional; ao invés disso, a nova PGR preferiu
condenar o vazamento de investigações.
As
decisões seguintes de Dodge trouxeram alento para os desconfiados: ela pediu autorização ao STF para ouvir
Michel Temer no inquérito que investiga
favorecimento de uma empresa na MP dos Portos, defendeu as candidaturas avulsas em
eleições, foi favorável a manter Joesley e Wesley Batista presos, acusou Geddel Vieira Lima de liderar
uma organização criminosa,
foi ao Supremo contra a decisão da Alerj de soltar Jorge
Picciani e comparsas e pediu que Gleisi Hoffmann, a presidente do PT,
perdesse o mandato e fosse condenada por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro no âmbito da Lava Jato.
A reunião secreta entre
Joesley Batista e Michel Temer, no Palácio do Jaburu, no dia
7 de março, quase derrubou o presidente, ao ser revelada em 17 de maio.
Entre essas datas, Joesley tentou outro
encontro — o fato foi revelado por O Antagonista
e noticiado no Jornal Nacional, que
dedicou uma longa reportagem sobre o furo jornalístico.
O pretexto da reunião era falar sobre a
Operação Carne Fraca, que revelou irregularidades em 21
frigoríficos brasileiros.
Para tentar marcar o encontro, Joesley
recorreu a Rodrigo Rocha Loures, aquele da corridinha com a mala com R$ 500 mi.
Em mensagens trocadas em um aplicativo
de celular, Joesley perguntou ao então assessor especial de Temer: “Boa tarde.
Será que eu consigo falar com o chefe em Brasília amanhã à noite?”
Rocha Loures se esforçou para marcar o
encontro, que acabou não acontecendo porque a agenda de Temer estaria cheia.
Joesley registrou a conversa e a
entregou à PGR.
O Antagonista conversou com Agripino
Maia, presidente do DEM, que virou réu no STF na semana passada por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. O senador é acusado de receber propina nas obras
da Arena das Dunas.
“Acho que o prosseguimento do processo
vai me dar a oportunidade de fazer os esclarecimentos e obter a absolvição.
Estou absolutamente convencido disso.”
Agripino recordou que na
confraternização de fim de ano da legenda, ele foi aplaudido por todos os
presentes.
Geraldo Alckmin encerra 2017 tentando
sobreviver politicamente.
O seu ano foi marcado pela sombra de sua criatura,
João Doria, que, empossado prefeito de São Paulo, passou a sonhar com o
Planalto.
Em meio ao terremoto causado pelo
acordo de delação entre PGR e JBS, Rodrigo Janot foi
flagrado tomando uma cervejinha com Pierpaolo Bottini, advogado de Joesley Batista, em um boteco de Brasília.
Publicada no início da madrugada de 10
de setembro por O Antagonista, a imagem se espalhou rapidamente pela internet e
foi reproduzida por vários órgãos de imprensa. Até hoje, o post recebeu mais de
1.100 comentários de leitores no site.
Geddel: o homem do bunker de 51 milhões
Geddel
Vieira Lima, o “fraterno amigo” de Michel Temer, começou o ano com a
PF batendo à sua porta por causa do esquema de desvios milionários na Caixa, uma parceria com Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro.
A cadeia veio em julho,
pela acusação de desvio de dinheiro e também pela tentativa de barrar as delações de Cunha e Funaro. Pouco depois, o regime de detenção foi convertido
em prisão domiciliar.
A senha para a candidatura de Luciano
Huck foi dada em março: indagado sobre as intenções de se lançar à Presidência,
o apresentador disse que “não dá para responder na
atual conjuntura”.
O nome de Huck começou, então, a
frequentar pesquisas eleitorais (o próprio “pré-candidato” encomendou diagnósticos para avaliar
suas chances) e a ser considerado uma opção por caciques
como Fernando Henrique Cardoso.
Os partidos embarcaram: o DEM passou a focar em
Huck e o PPS declarou que gostaria
de abrigar a candidatura; o apresentador conversou
com Marina Silva, Joaquim Barbosa e o marqueteiro de Emmanuel
Macron, além de manter contatos frequentes com Armínio Fraga e o
governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que seria seu vice. Até Lula levou a candidatura
a sério.
De animador a animado, Huck sugeriu que a
votação para parlamentares ocorresse só no segundo turno, defendeu um “projeto de país claro e
inteligente” e lançou um fundo para financiar novos candidatos.
De animado a desanimado, anunciou que
não concorreria ao Planalto com a seguinte frase: “Contem comigo. Mas não como
candidato a presidente”.
Podemos contar com ele como animador de auditório, mesmo se acabar candidato.
Podemos contar com ele como animador de auditório, mesmo se acabar candidato.
Precisamos de um bobo da corte presidencial
Por
Mario Sabino – Publicado originalmente em 22.05.17, na nossa newsletter
Se um dia viermos a fazer uma reforma política digna do nome, sugiro que
seja criado oficialmente o cargo de bobo da corte presidencial.
Gilmar Mendes é um ministro exemplar, como ficou mais do que demonstrado
em 2017.
À
frente do TSE, Gilmar Mendes liderou a divergência em relação ao voto do
relator no julgamento da chapa Dilma-Temer de 2014: enquanto Herman Benjamin
pediu a cassação da chapa por farta comprovação de crimes na campanha feita com
dinheiro roubado, Gilmar votou pela absolvição e “advogou” por ela.
Em 1º de março, antes de a tão
aguardada “delação do fim do mundo” da Odebrecht se tornar pública, O
Antagonista teve acesso em primeira mão ao conteúdo do depoimento de Marcelo
Odebrecht ao ministro Herman Benjamin, no processo do TSE que terminaria por
absolver a chapa Dilma-Temer, apesar das abundantes provas
de crimes na campanha de 2014.
O depoimento do “príncipe dos
empreiteiros” foi, de fato, devastador.
O
Brasil começou a levar Jair Bolsonaro a sério em 2017. Ele se consolidou em
segundo lugar em praticamente todas as sondagens de intenção de voto.
Vende-se
e é vendido como o candidato anti-Lula por
excelência. Resta saber se ele vai desinflar se o petista for condenado e não
se candidatar.
Os direitos humanos de Maluf
A Comissão de Estudos de Direitos
Humanos do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) elaborou um relatório em
que diz constatar “a violação de direitos humanos” de Paulo Maluf, preso da
Papuda, informa o Estadão.
Para a entidade, o deputado tem “o direito
humano à facilidade da prisão domiciliar por ser maior de 80 anos de idade” e
sua esposa tem “o direito à reunião familiar com seu marido, que deve ser
custodiado domiciliarmente no lar conjugal”.
O IASP recomenda que as autoridades
“observem os direitos humanos dos presos”.
Não esbarrem no juiz Glaucenir
O juiz eleitoral Glaucenir de Oliveira,
que acusou no Whatsapp Gilmar Mendes de receber propina para libertar Anthony
Garotinho, já esteve no noticiário em 2009.
Um empresário disse que Glaucenir o
ameaçou com um revólver apontado para a sua cabeça, depois de um show do Skank.
Segundo o empresário, a confusão começou porque o juiz havia mexido com a sua
mulher.
Glaucenir negou a história. Disse que
apenas colocou a mão sobre o coldre, porque recebeu um esbarrão e uma
cotovelada.
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