sábado, 24 de junho de 2017

EXPECTATIV

“Indústria deve reagir no segundo semestre”, aposta Amaro Sales
Segundo Caged, cadeia industrial segue com número negativo de vagas disponíveis; comparação com os anos anteriores tem alimentado esperanças no ramo.


Pelo oitavo mês seguido, o mercado de trabalho no Rio Grande do Norte – em empregos com carteira assinada – registrou saldo negativo. O levantamento, realizado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), levou em consideração os dados até o mês de maio de 2017, e apontou que a Indústria apresentou um dos saldos menos positivos: -250 vagas.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, avaliou os números como “lamentáveis”, mas apostou que, em virtude do decréscimo em relação aos anos anteriores, o setor deve apresentar melhora considerável no segundo semestre deste ano.
“O encolhimento da indústria não é algo que acontece de um dia para o outro. Todos nós temos amargado os efeitos dessa crise desde 2012, mas imagina-se que, no segundo semestre, o setor possa estar reagindo e colaborando para o crescimento da Indústria no Rio Grande do Norte”, disse, em entrevista concedida ao Agora Jornal.
Em 2016, o saldo de empregos na Indústria potiguar apontou um número quase quatro vezes maior que o atual: -827; em 2015, o resultado foi ainda pior, apontando -1.446 vagas disponíveis no mercado; por fim, em 2014, o número foi relativamente menor em comparação a 2015: -1.390. Reflexos de uma das maiores crises econômicas pela qual o Brasil passou em sua história e que, somente agora, vai apresentando sinais de retração. Hoje, no estado potiguar, estima-se um total de 587.078 empregados com carteira, dos quais 101.700 (17,3%) cumprem atividades industriais.
Entre admissões e desligamentos, a pesquisa da Caged observou um saldo negativo de 202 vagas no mês, causando um recuo de 0,05% no contingente de empregados. Na contrapartida positiva, a região Nordeste abriu 372 postos de trabalho (0,01%). Já calculando todos os estados do Brasil, houve a geração de 34.253 empregos (0,09%). O saldo de -202 vagas de empregos desagradou o presidente do Sistema Fiern, que lembrou que a economia no Rio Grande do Norte segue estagnada.
“A economia no Brasil, diante dos primeiros sinais de mudança, já demonstra essa oferta de emprego de 34 mil vagas, mas no Rio Grande do Norte isso ainda não está acontecendo. A gente lamenta, porque a economia no nosso estado está estagnada. Claro que alguns setores despontam, como o Agronegócio e as indústrias ligadas ao ramo de Confecção e Têxtil; então, esperamos que haja uma reação num futuro próximo”, avaliou Amaro Sales.
Os cortes na Indústria potiguar foram liderados pela Construção Civil, com -238 vagas (-0,74%). Os municípios que mais se destacaram no tocante a obras de engenharia civil e de construção de edifícios foram Mossoró, Ceará- Mirim e São Gonçalo do Amarante. Na sequência, o relatório aponta o setor manufatureiro de Têxteis e Confecção, com -38 vagas (-0,18%), especialmente em confecção de peças do vestuário, nas cidades de Caicó, São José de Mipibu e Jardim do Seridó. Logo mais, como terceiro destaque negativo, vem a cadeia de Extração Mineral, que cortou 21 vagas (-0,30%), distribuídas, estas, em Extração de Petróleo e Gás e Extração e Refino de Sal Marinho. Neste caso, os municípios mais realçados foram Natal, Mossoró e Macau.
Nem todos os ramos, contudo, apresentaram números negativos. Os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUPs) apresentaram o melhor desempenho do levantamento com 35 vagas abertas (0,57%), nos segmentos de Coleta de Resíduos Sólidos e Distribuição de Água, em Assu e Natal. Em segundo lugar vem a fabricação de produtos minerais não-metálicos, com novas 17 vagas (0,26%), em especial nos ramos de Estruturas pré-moldadas de cimento armado, seguido de artefatos cerâmicos para construção civil. Neste posto, se destacaram os municípios de São José de Mipibu, São Bento do Norte e Itajá. Em terceiro, a Caged mostra a indústria de produtos Químicos, farmacêuticos e veterinários com mais 13 empregos (+0,30%). Aqui, o destaque é o setor de Fabricação de álcool, em Baía Formosa.
O volume total de vagas cortadas em maio foi inferior ao de abril (- 921) e ao de maio de 2016 (- 2.100 vagas). Consequentemente, os dados dão esperança ao setor por alimentar a hipótese da recuperação da economia. Isto porque ocorre uma suavização de demissões que vinham sendo registradas desde janeiro, interrompida em abril, e agora retomada. Como Amaro Sales, apontou, no conjunto do país, o melhor desempenho do mês ficou a cargo da Agropecuária (46.049 vagas positivas), seguido pelas admissões nas lavouras de café, laranja e cana-de-açúcar.
Além do setor da indústria, os setores de serviços e comércio no Rio Grande do Norte também foram lembrados pela pesquisa. Enquanto que os Serviços apresentaram o maior saldo positivo em maio, com 354 vagas criadas, o Comércio expôs maior volume de postos de trabalho fechados (-311), seguido, justamente, pela indústria (-250).

Nenhum comentário: