sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Situação complicada...




Grampeada
‘É sobre um atestado que tô precisando’, diz mulher de Henrique Alves em grampo
Telefonema de Laurita Arruda para médico foi interceptado pela PF; Procuradoria afirma que objetivo da família, ao encomendar atestado falso, era impedir transferência do ex-ministro de Natal para Brasília





José Aldenir / Agora Imagens

Laurita Arruda durante visita a Henrique Alves na Academia de Polícia, em Natal

A mulher do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB – Governos Dilma e Temer/Turismo) foi flagrada em grampo da Polícia Federal supostamente encomendando um atestado médico para o marido. No telefonema, ela cita uma bursite no ombro do peemedebista, preso desde 6 de junho. O objetivo, segundo o Ministério Público Federal, no Rio Grande do Norte, era evitar uma transferência de Henrique Eduardo Alves de Natal para Brasília.
“O documento, na realidade um laudo médico, e não um atestado, acabou sendo efetivamente usado em habeas corpus impetrado por Henrique Eduardo Lyra Alves perante o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região para evitar sua transferência de Natal/RN para Brasília/DF”, afirmou a Procuradoria da República.
O diálogo foi capturado na Operação Alcmeon, que investiga venda de sentenças judiciais no Estado, e compartilhado com a Operação Lavat, deflagrada nesta quinta-feira, 26 – três assessores de Henrique Alves foram presos. O Ministério Público Federal pediu buscas na clínica Orthos Valmar Martins.
“Compreende-se ser imprescindível, ainda, a realização de diligência de busca e apreensão na clínica do médico (ORTHOS – Walmar Martins) que elaborou o laudo aparentemente falso em favor de Henrique Eduardo Lyra Alves no caso, a fim de arrecadar os registros de atendimento de pacientes do dia (25 de maio de 2017) em que teria ocorrido a avaliação clínica do ex-parlamentar, bem como a própria ficha médica do ex-deputado estadual”, anotou a Procuradoria em manifestação à Justiça.
“A medida preordena-se a esclarecer o possível cometimento do crime de falsidade ideológica de documento particular, previsto no artigo 299 do Código Penal.”
A ligação ocorreu no dia 10 de julho, às 13h18. “Laurita Arruda aparentemente providencia um laudo médico falso, perante o ortopedista Walmar Martins, acerca do estado de saúde de Henrique Alves”, relata a Procuradoria.
A atendente da clínica atende Laurita e pergunta à mulher de Henrique Alves sobre o motivo da ligação.
“É sobre um atestado que eu tô precisando. Eu falei com ele por Whatsapp”, responde Laurita.
Valmar atende a mulher do ex-ministro a quem chama de ‘amiga’.
Laurita explica ao médico. “Eu recebi um telefonema agora do advogado e…e só me ocorreu seu nome porque…o advogado vai precisar entrar com uma petição pra reforçar a necessidade de Henrique ficar aqui. Não ser transferido, entendeu?”
“Sim”, afirma dr. Valmar.
“Aí eu me lembrei da bursite dele. A necessidade dele fazer tratamento e acompanhamento aqui. Então eu tava precisando de um atestado nesse sentido”, diz Laurita.
A mulher de Henrique Alves pergunta. “O senhor poderia fazer. Eu poderia mandar buscar?”
“Pode. Pode sim. Pode sim. Tem problema nenhum, não”, diz o médico.
“Aí, colocando bem…vamos dizer, no mais alto grau da bursite, entendeu?”, pede Laurita.
“Certo, certo”, responde o médico.
“A idade dele. Levando em consideração isso, tá certo?”, diz Laurita.
Dr. Valmar responde. “Por falar nisso…a idade de Henrique hoje, tá…sessenta e nove?”
“Vai fazer sessenta e nove anos”, explica a mulher do ex-ministro.
Em um trecho seguinte, o médico pergunta. “O ombro atingido dele é o ombro…esquerdo, é?”
“Direito”, afirma Laurita.
“Direito. Certo. Ok. Eu vou preparar isso aqui. É Henrique Eduardo…”, questiona o médico.
“Lyra, com “ípsilon”, Alves”, responde a mulher.
“Tá”, retorna Valmar.
“E ele realmente está lá. Magno tá indo. Ele tomou injeção. Realmente ainda sente muita dor. E aí seria uma, um documento que ajudaria a gente, sabe?”, explica Laurita.
Em um trecho adiante, DR. Valmar afirma. “Eu preparo isso aqui e cê pode mandar pegar hoje a tarde.”
Ao fim do diálogo, o médico diz. “Tchau Laurita. Que dê tudo certo. Torcendo pra que vai dar tudo certo, viu?”
A reportagem tentou contato com a defesa de Henrique Eduardo Alves e com a clínica de Valmar Martins, por telefone e por e-mail. O espaço está aberto para manifestação.
VEJA A ÍNTEGRA DO DIÁLOGO
ATENDENTE DA CLÍNICA: Orthos Walmar Martins(incompreensível), boa
tarde?
LAURITA: Boa tarde. Por favor, dr. Walmar está?
ATENDENTE DA CLÍNICA: Quem gostaria?
LAURITA: É Laurita Arruda. Eu sou paciente dele.
ATENDENTE DA CLÍNICA: É sobre o quê, Larissa?
LAURITA: Alô?
ATENDENTE DA CLÍNICA: Oi Larissa. Era sobre o quê que você gostaria de falar?
LAURITA: É Laurita. É sobre um atestado que eu tô precisando. Eu falei com ele por whatsapp.
ATENDENTE DA CLÍNICA: Laurita de quê?
LAURITA: Laurita Arruda Câmara.
ATENDENTE DA CLÍNICA: Arruda. Aí a senhora falou com ele pelo celular dele, foi?
LAURITA: É. Eu queria falar. Posso falar com ele?
ATENDENTE DA CLÍNICA: Só um minuto, por favor.
LAURITA: Tá.
De 01min até 01:54s a atendente inicia a transferência da ligação para o Dr. Walmar e fica sem diálogo.
A partir de 01:54s Dr. Walmar atende e se inicia o diálogo transcrito abaixo:
DR. WALMAR: Alô.
LAURITA: Dr. Walmar?
DR. WALMAR: Oi Laurita.
LAURITA: Tudo bem? Desculpe aí lhe incomodar.
DR. WALMAR: Não. Você não incomoda não. É o maior prazer, viu?
LAURITA: Mas é…
DR. WALMAR: Diga amiga (incompreensível)…
LAURITA: Eu recebi um telefonema agora do advogado e…e só me ocorreu seu nome porque…o advogado vai precisar entrar com uma
petição pra reforçar a necessidade de Henrique ficar aqui. Não ser transferido, entendeu?
DR. WALMAR: Sim.
LAURITA: Aí eu me lembrei da bursite dele. A necessidade dele fazer tratamento e acompanhamento aqui. Então eu tava precisando de um
atestado nesse sentido.
DR. WALMAR: Sim. Certo.
LAURITA: O senhor poderia fazer. Eu poderia mandar buscar?
DR. WALMAR: Pode. Pode sim. Pode sim. Tem problema nenhum, não.
LAURITA: Aí, colocando bem…vamos dizer, no mais alto grau da bursite, entendeu?
DR. WALMAR: Certo, certo.
LAURITA: A idade dele. Levando em consideração isso, tá certo?
DR. WALMAR: Por falar nisso…a idade de Henrique hoje, tá…sessenta e nove?
LAURITA: Vai fazer sessenta e nove anos.
DR. WALMAR: Tem meia oito.
LAURITA: É.
DR. WALMAR: Sessenta e oito anos, né?
LAURITA: É.
DR. WALMAR: O ombro atingido dele é o ombro…esquerdo, é?
LAURITA: Direito.
DR. WALMAR: Direito. Certo. Ok. Eu vou preparar isso aqui. É Henrique Eduardo…
LAURITA: Lyra, com “ípsilon”, Alves.
DR. WALMAR: Tá.
LAURITA: E ele realmente está lá. Magno tá indo. Ele tomou injeção. Realmente ainda sente muita dor. E aí seria uma, um documento que
ajudaria a gente, sabe?
DR. WALMAR: Entendi, entendi. Tá certo.
LAURITA: Tá certo?
DR. WALMAR: Eu preparo isso aqui e cê pode mandar pegar hoje à tarde.
LAURITA: Mando. Eu posso mandar que horas, Dr.Walmar?
DR. WALMAR: Depois das 14h. 14h30 mais ou menos.
LAURITA: Tá ótimo.
DR. WALMAR: Tá certo? (Incompreensível).
LAURITA: Muito obrigado.
DR. WALMAR: Nada.
LAURITA: Tá. Muito obrigada.
DR. WALMAR: Tchau Laurita. Que dê tudo certo. Torcendo pra que vai dar tudo certo, viu?”
COM A PALAVRA, O MÉDICO VALMAR MARTINS
A reportagem fez contato com a clínica Orthos Valmar Martins. O espaço está aberto para manifestação.



Refuta
Defesa de ex-desembargador denunciado por corrupção e lavagem nega prática de crimes
Denúncias são decorrentes da Operação Alcmeon deflagrada no último dia 30 de agosto; na ocasião, Francisco Barros foi preso preventivamente, mas obteve a liberdade, através de dois habeas corpus.


Elpídio Júnior

Ex-desembargador foi denunciado por suposta prática de corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade documental e
exploração de prestígio

A defesa do ex-desembargador Francisco Barros Dias negou que ele esteja envolvido e esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro dos quais foi denunciado pelo Ministério Público Federal. Em nota, a defesa chamou as denúncias do MPF de “caluniosas” e baseadas em “argumentos falsos”.
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu à Justiça duas denúncias contra o ex-desembargador federal Francisco Barros Dias e outras 12 pessoas, por suposta prática de corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade documental e exploração de prestígio. A primeira, que tramita na 2ª Vara da Justiça Federal no RN, narra um esquema de compra e venda de decisões judiciais por Francisco Barros em 2012, quando ainda atuava no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).
Já a segunda denúncia, que tramita na 14ª Vara, descreve a exploração de prestígio do ex-desembargador após a aposentadoria, quando passou a advogar ilegalmente junto à mesma corte. De acordo com o MPF, Francisco Barros, mediante utilização de terceiros, recebeu altos valores a pretexto de influenciar no voto de ex-colegas de magistratura.
As denúncias são decorrentes da Operação Alcmeon deflagrada no último dia 30 de agosto. Na ocasião, Francisco Barros foi preso preventivamente, mas obteve a liberdade, através de dois habeas corpus analisados pelo TRF5.
Confira a nota da defesa do ex-desembargador na íntegra:
A defesa do advogado Francisco Barros Dias nega a prática de quaisquer dos crimes a ele imputados nas denúncias caluniosas ofertadas pelo Ministério Público Federal, as quais se baseiam na palavra de delatores condenados pela Justiça e que usam argumentos falsos para tentar a salvação a qualquer custo.
A defesa refuta a ilação de recebimento de valores em razão da atuação enquanto magistrado nos 28 anos de carreira do advogado Francisco Barros Dias no âmbito da Justiça Federal da 5ª Região.
O trabalho de Dr. Barros pela advocacia sempre foi pautada na ética, legalidade e respeito à quarentena perante o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde não há registros formais de atuação em processos naquela Corte. A defesa ressalta ainda que confia na Justiça e na verdade dos fatos.

Nenhum comentário: