Brasil registra 156 mil mortes ao ano causadas por cigarro
No Dia Mundial Sem
Tabaco, Inca revela pesquisa: tabagismo gera perda de R$ 56,9 bi
RIO — Para celebrar o Dia Mundial Sem
Tabaco, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) lançou, nesta quarta-feira, a
campanha “O cigarro mata" e apresentou dados inéditos de uma pesquisa
sobre o custo econômico e de saúde relacionado ao tabaco. O número de mortes
relacionadas ao tabagismo no Brasil é de 156 mil ao ano, tendo como base 2015,
quando o estudo foi realizado pela pesquisadora Marcia Pinto, do Instituto
Fernandes Figueira, da Fiocruz.
De acordo com os dados compilados por
ela, o país registrou 478 mil infartos e internações devido a doenças cardíacas
e 378 mil de doenças pulmonares provocadas pelo cigarro. Além disso, o tabaco
gera uma perda econômica de R$ 56,9 bilhões ao ano, por causa do custo do
tratamento das doenças relacionadas ao tabaco, da perda de produtividade dos
fumantes que adoecem e por causa das mortes prematuras.
— No caso do homem, o fumante perde
aproximadamente sete anos de vida em comparação com um não fumante. E, no caso
de mulheres, perde-se seis anos de vida. Já ouvi muita gente dizendo que seis
ou sete anos é pouco, mas não considero que seja pouco. É o tempo que vai te
permiter ver um neto nascer, ver um filho se formar — observa Marcia.
A pesquisadora avalia que a política
mais efetiva para a redução do consumo de cigarro é o aumento do preço do
produto.
— Isso previne que crianças e
adolescentes comecem a fumar e encoraja quem quer parar de fumar. Reduz também
a quantidade de cigarros consumidos pelos atuais fumantes e evita que
ex-fumantes voltem para o vício — destaca ela.
AUMENTO DE PREÇO É ESTUDADO
O estudo traçou como seria o cenário se
houvesse 50% de aumento do preço do cigarro no país. Se isso acontecesse, em
dez anos seriam evitadas 136 mil mortes — número bem próximo aos óbitos
registrados em 2015. O número de AVCs também seria reduzido em mais de 100 mil;
e o número de diagnósticos de câncer contaria menos 60 mil.
Outro dado interessante é que haveria
um ganho econômico de R$ 98 bilhões: R$ 32 bilhões devido à redução nos gastos
de saúde, R$ 45 bilhões de arrecadação tributária e R$ 21 bilhões relacionados
aos ganhos de produtividade.
— Apesar da redução da prevalência de
fumantes no Brasil, o que é de fato uma história de sucesso, a nossa carga de
tabagismo em termos de mortalidade ainda é preocupante. E também me assusta o
fato de 1% do PIB do Brasil ser destinado a cobrir os prejuízos provocados pelo
tabagismo. E 8% do gasto de saúde no país é atribuído ao tabaco. É preciso
mudar esse cenário — pontua Marcia.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros,
disse nesta quarta-feira, por videoconferência, que existe um estudo em
andamento para aumentar 50% os impostos sobre o cigarro.
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