Procurador, que cuida da Lava Jato, afirmou que acordos de leniência
podem fazer operação se multiplicar por dois.
Deltan Dallagnol, o promotor federal que cuida das investigações da Lava
Jato, crê que acontecimentos recentes podem ampliar o tamanho do caso. Em
entrevista à Associated Press, ele afirmou que os novos acordos de leniência
podem fazer com que a operação se multiplique por dois nos próximos anos.
Quase três anos depois das primeiras detenções, em março de 2014, a
Operação Lava Jato não tem um final em vista, afirmou Dallagnol. Ele é o
coordenador da equipe de trabalho no Paraná, onde começaram as investigações e
está centrada grande parte do caso, sob a jurisdição do juiz Sergio Moro.
“Eu diria que os novos acordos de leniência poderiam permitir que a
Operação Lava Jato multiplique seu tamanho por dois no futuro”, disse Dellagnol
nesta quinta-feira, 26, à Associated Press. Ele declinou entrar em detalhes
porque os casos seguem em investigação.
O que começou com uma pesquisa sobre lavagem de dinheiro se converteu em
um escândalo de corrupção tão grande que comoveu os brasileiros, acostumados há
tempos com a corrupção na política.
Os investigadores creem que se pagaram mais de US$ 2 bilhões em subornos
em uma trama corrupta em torno da Petrobras, que implicava a grandes
construtoras, como a Odebrecht. Nos últimos anos, dezenas de políticos e
empresários têm sido condenados e encarcerados. Outros tantos correm o risco de
ir para a cadeia.
Em uma ampla entrevista, Dallagnol disse que na investigação há “vidas
em perigo”, devido às forças que tentam sufocá-la. A pressão está crescendo
conforme o número de “pessoas poderosas implicadas cresce a cada dia”.
A morte do juiz do Supremo Teori Zavascki, que supervisava uma parte
considerável da investigação e morreu na semana passada em um acidente aéreo,
foi um grande golpe na Lava Jato. Mas Dellagnol disse que a perda não vai
deixar muitos casos abertos.
Ainda que muitos creiam que a investigação está criando um “novo
Brasil”, o promotor assinalou que seu efeito a longo prazo depende de medidas
para reformar os sistemas político e judicial. Ele comparou a situação com a de
um paciente enfermo que vai ao médico e recebe um grave diagnóstico, mas não
segue as recomendações médicas.
“Por desgraça, seguimos na fase do diagnóstico”, disse Dellagnol, que
estudou direito no Brasil e depois obteve mestrado na Universidade de Harvard.
Para muitos brasileiros fartos da corrupção e de seus líderes políticos,
Moro e Dellagnol são heróis, uma designação que Dallagnol rechaça. “Somente
fazemos nosso trabalho”, disse.
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