sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Investigação sobre corrupção vai se ampliar, diz Dallagnol em entrevista


Procurador, que cuida da Lava Jato, afirmou que acordos de leniência podem fazer operação se multiplicar por dois.
Deltan Dallagnol, o promotor federal que cuida das investigações da Lava Jato, crê que acontecimentos recentes podem ampliar o tamanho do caso. Em entrevista à Associated Press, ele afirmou que os novos acordos de leniência podem fazer com que a operação se multiplique por dois nos próximos anos.
Quase três anos depois das primeiras detenções, em março de 2014, a Operação Lava Jato não tem um final em vista, afirmou Dallagnol. Ele é o coordenador da equipe de trabalho no Paraná, onde começaram as investigações e está centrada grande parte do caso, sob a jurisdição do juiz Sergio Moro.
“Eu diria que os novos acordos de leniência poderiam permitir que a Operação Lava Jato multiplique seu tamanho por dois no futuro”, disse Dellagnol nesta quinta-feira, 26, à Associated Press. Ele declinou entrar em detalhes porque os casos seguem em investigação.
O que começou com uma pesquisa sobre lavagem de dinheiro se converteu em um escândalo de corrupção tão grande que comoveu os brasileiros, acostumados há tempos com a corrupção na política.
Os investigadores creem que se pagaram mais de US$ 2 bilhões em subornos em uma trama corrupta em torno da Petrobras, que implicava a grandes construtoras, como a Odebrecht. Nos últimos anos, dezenas de políticos e empresários têm sido condenados e encarcerados. Outros tantos correm o risco de ir para a cadeia.
Em uma ampla entrevista, Dallagnol disse que na investigação há “vidas em perigo”, devido às forças que tentam sufocá-la. A pressão está crescendo conforme o número de “pessoas poderosas implicadas cresce a cada dia”.
A morte do juiz do Supremo Teori Zavascki, que supervisava uma parte considerável da investigação e morreu na semana passada em um acidente aéreo, foi um grande golpe na Lava Jato. Mas Dellagnol disse que a perda não vai deixar muitos casos abertos.
Ainda que muitos creiam que a investigação está criando um “novo Brasil”, o promotor assinalou que seu efeito a longo prazo depende de medidas para reformar os sistemas político e judicial. Ele comparou a situação com a de um paciente enfermo que vai ao médico e recebe um grave diagnóstico, mas não segue as recomendações médicas.
“Por desgraça, seguimos na fase do diagnóstico”, disse Dellagnol, que estudou direito no Brasil e depois obteve mestrado na Universidade de Harvard.
Para muitos brasileiros fartos da corrupção e de seus líderes políticos, Moro e Dellagnol são heróis, uma designação que Dallagnol rechaça. “Somente fazemos nosso trabalho”, disse.


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