sexta-feira, 18 de maio de 2018

"Quanto mais cabras, mais cabritos"...

Senado aprova projeto de criação de novos municípios, vetado duas vezes por Dilma

Relator prevê que proposta permitirá criação de cerca de 200 novos municípios no país.


BRASÍLIA — Com o apoio do PT e PMDB, o Senado derrotou o governo e aprovou nesta quarta-feira projeto de lei complementar de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que define regras para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios. A previsão do relator, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), é que o projeto permitirá a criação de cerca de 200 novos municípios. Dois projetos semelhantes já foram vetados pela presidente Dilma Rousseff em 2013 e 2014.
— Peço que a presidente Dilma não vete o projeto pela terceira vez e respeite a vontade do Congresso. Se vetar, o veto será derrubado. O distrito de Castelo dos Sonhos pertence ao município de Altamira, que fica a 1110 quilômetros de distância — defendeu Flexa Ribeiro.
No último projeto aprovado no Congresso em 2014 e vetado por Dilma, de autoria do ex- senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) , o governo dizia que a proposta dava margem à criação de mais de 400 municípios, provocando impacto nas finanças públicas de cerca de R$ 9 bilhões, por conta da repartição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
— É um projeto inadequado para o momento que o País vive hoje. Sei que tem realidades regionais que precisam ser atendidas. Mas seriam criados pelo menos 410 novos municípios e a primeira consequência seria a criação de mais cargos de prefeitos, vereadores, cargos comissionados, mais políticos — criticou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), encaminhando voto contrário.
— É falácia dizer que vai criar despesa nova. Não vai gerar um centavo de custo. Vai sair tudo das parcelas do FPM e FPE — defendeu Raupp.
Mas tanto Flexa quanto Raupp argumentaram que a nova proposta aprovada hoje tem regras rigorosas e permitirá a criação de apenas 180 a 200 novos municípios. A farra da criação de novos municípios foi interrompida em 1996, quando emenda constitucional aprovada exigiu a aprovação de lei federal traçando os novos critérios para a criação, incorporação e desmembramentos de municípios a serem seguidos pelas Assembleias estaduais.
O senador Blairo Maggi (PR-MT) defendeu a aprovação, também alegando que nas regiões do Centro-Oeste e Norte há muitos distritos que ficam a 300 ou mais quilômetros de seus municípios, e não tem um parlamentar local para atender as necessidades da população.
— Eu sou contra por entender que o contribuinte quer ver seu dinheiro aplicado em saúde e educação. E não com mais vereadores, cargos comissionados e prefeitos — criticou o senador Reguffe (PDT-DF).
— O Distrito Federal não pode criar municípios. Então sugiro que o senador Reguffe, tão preocupado em economizar, que proponha uma emenda extinguindo os cargos de senador e deputado do Distrito Federal — rebateu Flexa Ribeiro.
O projeto estabelece que a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios dependerão da realização de Estudo de Viabilidade Municipal - capacidade de gerar renda própria, por exemplo - e consultar, via plebiscito, as populações dos municípios envolvidos. O requerimento defendendo a emancipação tem que ter, no mínimo, a assinatura de 20% dos eleitores da localidade, além da consulta via plebiscito.
Nos casos de fusão ou incorporação, o cálculo da quota do FPM destinada ao município resultante será alterado progressivamente, ao longo de 23 anos.

O projeto exige ainda, para a criação de município, que seja comprovado que tanto os novos municípios quanto os municípios preexistentes que perderem população possuirão, após a criação, população igual ou superior aos seguintes quantitativos mínimos regionais: Regiões Norte e Centro-Oeste: 6 mil habitantes; Região Nordeste: 12 mil habitantes; e Regiões Sul e Sudeste: 20 mil habitantes. Fonte: O globo

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