sábado, 8 de abril de 2017

CASARÕES DO CEARÁ-MIRIM


CASA GRANDE DO ENGENHO GUAPORÉ
A casa grande do Engenho Guaporé, é uma antiga e belíssima construção datada da segunda metade do século XIX, edificada em uma elevação que dá a todos que nela chegam uma privilegiada visão do vale e da cidade do Ceará-Mirim, cujo local teve anteriormente o nome de “Sítio Bonito”, e pertencia ao Barão de Ceará-Mirim, Coronel da Guarda Nacional Manoel Varela do Nascimento, que foi dado como dote ao Dr. Vicente Inácio Pereira, quando se casou com sua filha a senhora Isabel Augusta Duarte Varela.
A casa-grande do Guaporé foi muito importante para o Ceará-Mirim, e também para a província do Rio Grande do Norte, pois, o seu proprietário não era apenas um simples senhor de engenho. Dr. Vicente Inácio Pereira também era médico, jornalista e político, tendo sido eleito para o cargo de Deputado Provincial e depois, Vice-Presidente da Província, tendo sido um dos mais combativos empreendedores do ciclo açucareiro na região do Ceará-Mirim.
Além da importância econômica e políticas comprovadas pelas presenças de figuras do alto escalão nas duas esferas na época do II Reinado, do Partido Liberal e/ou do Partido Conservador, também o alto clero prestigiava o solar e seu dono como também a esfera clerical como pode ser comprovada pela visita episcopal do Bispo de Olinda e Recife, que foi hóspede do Dr. Vicente Inácio Pereira, tendo pernoitado 
A casa grande do Engenho Guaporé é uma construção característica de uma época aristocrática que guarda um inestimável valor arquitetônico. Construída em estilo neoclássico francês, tendo no seu interior, um sótão e colunas que emolduram sua fachada principal, além de uma janela central que se localiza entre as portas e mais seis grandes janelas, todas com arcos. Já nos fundos da residência existe um amplo terraço, ainda se tem notícias que existia um relógio de sol, á direita de quem entra na casa, próximo às terras do Engenho Trigueiro.
O interior da casa não sofreu modificações significativas, tendo sido construído um banheiro para atender às necessidades dos visitantes, já que as residências senhoriais ou não desse período, não possuíam tal dependência interna. Quanto ao piso, é todo em tijolos brancos e no pavimento superior, ao qual se chega através de uma bonita escadaria em madeira de lei toda trabalhada, tem um assoalho de madeira, enquanto que o piso do sótão acompanha o do restante da casa, sendo de tijolos.
Cada compartimento representa uma determinada dependência para a qual foram destinadas pelo proprietário, como o escritório, o quarto da sinhá-moça, as salas de jantar e de visitas além de outros quartos e salas nos dois pavimentos.
Em frente à casa grande existe uma construção conhecida como casa de banho, para o asseio diário dos senhores e seus hóspedes, com apenas uma porta, sem outro local para ventilação.
No ano de 1979, a casa grande do Engenho Guaporé encontrava-se em precárias condições, quase em ruínas, e foi cedida em comodato, pela Companhia Açucareira, para que a Fundação José Augusto procedesse com o processo de restauração, já que a casa senhorial estava localizada dentro das terras da antiga Usina São Francisco.
Após a restauração, uma nova destinação foi dada ao velho solar, que foi transformado em museu e recebeu a denominação de “Museu Nilo Pereira”, homenageando o escritor cearamirinense que ali viveu a sua infância. 
Equipado com mobiliário que representava uma época áurea do ciclo açucareiro, o museu foi se adequando para atender aos visitantes e ganhando vários atrativos para permanecer na rota turística e atrair a população local.
Foi nesse período, em maio de 1996, quando a Prefeitura do Ceará-Mirim criou o projeto “Turismo Pedagógico”, envolvendo as escolas do município, onde alunos e professores tinham um dia no museu, com atividades lúdicas e de aprendizagem sobre a história e a cultura de Ceará-Mirim.
Essa atividade era desenvolvida com mais intensidade durante as comemorações do aniversário da cidade. Além disso, foi criada a “Sala do Artista”, dotada de obras doadas nas tipificações de pinturas e esculturas. A casa grande do Guaporé abrigava também um anexo da Escola de Artes “José Lemos de Oliveira”, que atendia às crianças da zona rural que moravam nas comunidades adjacentes, como Verde Nasce, Cruzeiro, Trigueiro, Umburanas, Divisão, Diamante e Mucuripe.
Atualmente, a Casa Grande do Engenho Guaporé “Museu Nilo Pereira”, agoniza em meio ao vale que o viu próspero num passado não muito remoto, suplicando para que o ajudemos a sobreviver em meio a esse cenário de recordações da velha fidalguia, que contribuiu para o progresso e grandeza de nossa terra. O casarão está se acabando em pleno vale, adormecido como um castelo de sonhos, sendo agora, apenas um choro ou lamento de saudade velando uma grande solidão e que ao avistarmos lembramos que ele representa apenas o que restou de uma vida faustosa que vem se acabando a cada dia, mas que ainda vislumbra uma luz, mesmo que tênue para salvá-lo da destruição total e sem volta.


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