(Amanda Almeida)
Ao comentar o massacre carcerário em Manaus, o
secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB), diz que "tinha era
que matar mais".
-- Eu sou meio coxinha
sobre isso. Sou filho de polícia, né? Tinha era que matar mais. Tinha que fazer
uma chacina por semana.
Bruno Júlio é filho do ex-deputado federal Cabo
Júlio (PMDB), hoje deputado estadual em Minas. É também presidente licenciado
da juventude do PMDB. A briga entre facções criminosas no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) deixou 56 mortos, entre os dias 1º e 2.
Para justificar seu ponto de vista, o secretário
compara a chacina ocorrida em Campinas (SP), em uma festa de réveillon, quando
12 pessoas foram mortas pelo ex-marido de uma das vítimas, que se matou em
seguida.
-- Isso que me deixa
triste. Olha a repercussão que esse negócio que o presídio teve e ninguém está
se importando com as meninas que foram mortas em Campinas. Elas, que não têm
nada a ver com nada, que se explodam. Os santinhos que estavam lá dentro, que
estupraram e mataram: Coitadinhos, oh, meu Deus, não fizeram nada! Para, gente!
Esse politicamente correto que está virando o Brasil está ficando muito chato. Obviamente
que tem de investigar, tem que ver...
Na madrugada desta sexta-feira (6/1), pelo menos 33
presos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima. A
maioria deles foi decapitada.
Bruno Júlio diz que a ex-presidente Dilma reduziu em
85% a verba para presídios e defende uma das propostas do ministro Alexandre
Moraes (Justiça). Diz que se deve separar os presos por tipo de crime e
periculosidade. Cita experiência na área:
-- Trabalhei na
Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) em Minas. Tem muita gente que
consegue mudar de vida.
Na quinta-feira (5/1), o presidente Michel Temer se
manifestou pela primeira vez sobre o caso de Manaus. Disse que a chacina foi um
"acidente pavoroso". A declaração repercutiu mal e o peemedebista usou
as redes sociais para se justificar. "Sinônimos da palavra 'acidente':
tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade", escreveu.
Bruno Júlio diz que "infelizmente" a
secretaria pouco pode colaborar sobre as chacinas. Cita que o governo lançará,
em março, um programa que implantará centros de juventude no Brasil direcionada
à mulher e à qualificação profissional dos jovens. Serão 50 centros como
"piloto", instalados em pontos de maior incidência de jovens mortos,
segundo o Mapa da Violência.
Fonte: O Globo
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