sexta-feira, 19 de maio de 2017

DEBANDADA...

Governabilidade de Temer fica prejudicada após debandada na base aliada

No Congresso, se já estava difícil a negociação para aprovação das reformas, em especial, a da Previdência, agora, dificilmente, Temer conseguirá número suficiente de votos.


Apesar de ter usado um tom de voz mais firme e seguro do que o normal nos cerca de cinco minutos de pronunciamento, a negativa do presidente Michel Temer (PMDB-SP) em renunciar ao cargo não serviu para acalmar o clima de debandada na base governista. Nos corredores do Palácio do Planalto, a sensação é de que o governo chegou ao fim e informações de bastidores indicam que até o próprio chefe do Executivo estuda a melhor maneira de abandonar o navio. No Congresso, se já estava difícil a negociação para aprovação das reformas, em especial, a da Previdência, agora, dificilmente, Temer conseguirá número suficiente de votos. Com isso, acaba o único trunfo que tinha para melhorar a condição da economia e, consequentemente, a imagem do governo.


Em um pronunciamento repleto de expectativa, Temer foi taxativo ao negar qualquer aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Ele afirmou que demonstrará ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não teve nenhum envolvimento com os fatos delatados pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. “Não renunciarei. Repito. Não renunciarei. Sei dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos aos brasileiros. Essa situação de dubiedade, de dúvida, não pode existir por muito tempo”, declarou. O pronunciamento de Temer, no entanto, teve apoio de poucos no próprio Palácio do Planalto, que o aplaudiram timidamente.

Com baixíssimo apoio popular, Temer e aliados sabem que a governabilidade foi fortemente abalada pela delação e pela abertura de um inquérito contra ele no STF por obstrução de Justiça. A perda de apoio na base coloca em dúvida também a força política do presidente para conter o avanço de um processo de impeachment. A depender do tamanho do desembarque da base, o prazo de destituição de Temer pode não demorar muito.

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