“Parei de controlar propina em US$ 10 milhões”, diz
Duque a Moro
Ex-executivo da estatal confirmou
que sua indicação à diretoria da Petrobrás foi feita a pedido do PT, assim como
a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento.
UOL
O ex-diretor de serviços da
Petrobrás Renato Duque, disse nesta sexta-feira 5, em depoimento ao juiz Sergio
Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, que parou de controlar a propina
recebida no esquema de corrupção existente na estatal quando ela passou de
US$10 milhões. “Quando atingiu determinado valor, era mais do que suficiente.
Por que você vai querer juntar e juntar dinheiro… Eu não usei esse dinheiro”,
afirmou.
“E que determinado valor era esse?”,
perguntou Moro. “Quando atingiu US$10 milhões, eu falei: Pô, isso é muito mais
do que eu preciso para viver e minha terceira geração. Então a partir daí eu
nem… Eu nem controlava”, respondeu o ex-executivo da Petrobrás.
Duque disse que recebia sua parte em
contas no exterior, e que nunca ganhou propina em dinheiro vivo. Ele afirmou
ainda nunca ter pedido a vantagem indevida, mas reconheceu que aceitou
participar do esquema.
O ex-executivo da estatal confirmou que
sua indicação à diretoria da Petrobrás foi feita a pedido do PT, assim como a
de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento –condenado por Moro e um
dos primeiros delatores na Lava Jato– foi feita por indicação do PP. Ele ainda
implicou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema.
Segundo Duque, Lula não só sabia como comandava o
esquema ilegal. O PT ainda não se pronunciou sobre as
acusações. Em texto publicado no site de Lula, o depoimento de Duque foi
Classificado com “mais uma tentativa de fabricar acusações” contra o
ex-presidente “nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus
condenados, em troca de redução de pena”.
Segundo Duque. quem fazia o controle
da propina era o ex-gerente de Serviços da Petrobrás Pedro Barusco. Duque o
acusa de negociar os valores com as empresas que detinham contratos com a
estatal e de cuidar de como o dinheiro seria pago.
Barusco também foi um dos primeiros
delatores da Lava Jato, ainda em 2014, e já foi condenado em três processos na
operação por corrupção e lavagem de dinheiro. No entanto, não chegou a ser
preso, cumprindo regime aberto com restrições de movimento. Ele já devolveu ao menos R$260 milhões
desviados do contratos da Petrobrás.
Segundo Duque, existia uma
“referência” de 1% do valor dos contratos com a Petrobrás como o valor que
seria repassado pelas empresas ao PT e aos executivos da estatal. Metade iria
para o partido e metade para Brusco e Duque.
“Como é que acontecia na prática? De
tempos em tempos, o Barusco me informava: eu vou te remeter um valor x. Ele
nunca especificou ‘vou remeter um valor x de determinada obra de determinada
empresa”, disse. “Eu não tenho como identificar quem fez o depósito.”
Duque disse estar arrependido de ter
cometido ilegalidades e de ter permitido que elas ocorressem. “O dinheiro que
eu tenho, eu gostaria de assinar qualquer documento (…) para repatriar o mais
rápido possível. Não tenho interesse nenhum em relação a isso.”
Entenda o
caso
Duque depôs como réu em processo no
qual é acusado de ter recebido propina de R$252 milhões decorrente de seis
sondas negociadas pela Sete Brasil com o estaleiro Enseada do Paraguaçu, da
Odebrecht. As sondas faziam parte de um contrato ainda maior da Sete Brasil com
a Petrobrás, para o afretamento de 21 sondas para a exploração do pré-sal.
O ex-diretor está preso desde março
de 2015 na carceragem da Polícia federal em Curitiba. Ele estaria há quase um
ano tentando negociar um acordo de delação premiada com os investigadores da
Lava Jato.
Desde setembro de 2015, Duque também
já foi condenado em quatro processos da Lava Jato em primeira instância, com
penas máximas que chegam a 20 anos de prisão. As informações são do UOL.
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