sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Neto: 'Ou vinha e melhorava para representar os caras ou me afundaria na depressão'


Realmente um dia de muitas emoções na Arena Condá. Pouco depois de se reapresentar com o novo elenco, o zagueiro Neto deu sua primeira entrevista após a tragédia que vitimou quase todos os seus companheiros na Chapecoense. Ele disse segurar o choro muitas vezes e disse que se reapresentou para seguir melhorando e evitar que caísse em depressão.
"É uma situação muito diferente da que sempre vivi. Entrar num clube que estava na final, onde tinha muitos amigos há anos. É uma situação diferente, mas a gente tem que crer que Deus tem um propósito para todas as coisas. Tenho que recuperar, né? Tenho algumas lesões importantes. Uma hora ou outra ia ter que vir para cá e dar de frente com isso. É duro, tinha gente que conhecia desde os 17 anos, pessoas que me ajudaram. Mas tem uma hora que a gente tem que encarar a realidade", disse Neto.
"Queria estar com eles, comemorando e se reapresentando alegres aqui de novo. Mais um desafio na minha vida. Recuperar minha saúde, minha mente. E vindo aqui é o que vai me dar força. Tenho que melhorar minha mente. Vira e mexe me pego chorando. Já chorei muito em casa quando lembro do que vivi aqui dentro. Mas tenho que recuperar. Tenho certeza que eles estão nos braços do Pai, em um lugar muito melhor do que a gente está. Sei que os caras estão num lugar bom e tenho que melhorar. A parte física e mental. E nada melhor do que estar aqui. Tenho que superar e levar a vida, senão acabo me afundando na depressão e sei que Deus não quer isso na minha vida não", completou.
Neto se juntou aos novos contratado pelo clube na manhã desta sexta-feira na Arena Condá. Chegou ao clube com ajuda de muletas, falou com funcionários e com os novos companheiros e depois acabou aplaudido por todos os presentes quando anunciado pelo direto executivo Rui Costa.
A expectativa é de que ele volta a jogar ainda neste ano. Para isso, porém, precisa se recuperar as lesões que acabou se submetendo e ainda recuperar a forma física. Ele mesmo conta que tem problemas no joelho e na coluna, além de dez quilos para recuperar de massa muscular.

Veja os principais trechos da entrevista de Neto:

O retorno à Arena Condá
É uma situação muito diferente da que sempre vivi. Queria estar com eles, comemorando e se reapresentando alegres aqui de novo. Mais um desafio na minha vida. Recuperar minha saúde, minha mente. E vindo aqui é o que vai me dar força. Tenho que melhorar minha mente. Vira e mexe me pego chorando. Já chorei muito em casa quando lembro do que vivi aqui dentro. Mas tenho que recuperar. Tenho certeza que eles estão nos braços do Pai, em um lugar muito melhor do que a gente está. Sei que os caras estão num lugar bom e tenho que melhorar. A parte física e mental. E nada melhor do que estar aqui. Tenho que superar e levar a vida, senão acabo me afundando na depressão e sei que Deus não quer isso na minha vida não.

A recuperação
A minha fala é diferente dos médicos e da minha esposa. Falo que estou um caco, mas ela me fala que eu não sei o que é isso, que eu estava irreconhecível na Colômbia. Estive em um estado gravíssimo. Eles acham que eu estou muito bem, que minha recuperação é fantástica. Mas para mim eu estou mal para caramba ainda. Perdi quase 15 quilos, tenho dez para recuperar ainda. Perdi muita massa muscular, tive muitas lesões. Você perde toda a força que você tinha. Teve momentos que não sabia nem engolir comida, tomar água. A primeira vez que tomei um banho de chuveiro parecia que estava entrando num mar do Caribe. Tem coisas na vida que a gente não dá importância. Coisas simples que a gente não dá valor.
Tive uma lesão importante no joelho, uma lesão na coluna. Acho que estou melhorando. Quando cheguei em casa só tinha sono. Hoje já fico acordado o dia inteiro, já converso mais. Sinto uma melhora. Não do jeito que eu queria, porque atleta é todo apressado. Mas tenho que dar tempo ao tempo. O que aconteceu foi muito grava e graças a Deus eu ainda vou poder voltar a jogar bola.

O acidente e o tempo em coma
Eu fiquei dez dias apagado, em coma. Para me contarem a verdade, demorou mais cinco dias. Então 15 dias depois em não sabia nada. Está sendo novo, ainda. Mas tenho que encarar, não tenho para onde correr. Ou vou melhor, representar aqueles caras como merecem, ou me afundar na depressão. Eu lembro das coisas como aconteceram até a batida do avião. Está muito fresco na minha mente ainda. A minha mente tinha bloqueado tudo que tinha passado, perguntei o que tinha acontecido comigo, se eu tinha machucado no jogo.
Sempre vai ficar aquele filme com os últimos momentos. A gente tem que ser forte as vezes, segurar o choro. Se chora demais, acaba se deprimindo demais. Minha esposa me falou que na primeira vez que me viu, não acreditou que fosse eu. Rasguei pálpebra, nariz, orelha, cabeça... Tudo rasgado, inchado. Ela achou até que ia demorar mais tempo para eu voltar. Para mi tem sido uma benção.

O encontro com os novos colegas
Muita gente veio me dar um abraço, dizer que eu estava vivo. A gente agradece o carinho de todos. Alguns eu não conheço, mas eles me conhecem. Quero ajudar o clube de alguma forma. Estando aqui acho que posso agregar de alguma forma para quem está chegando. Me viam como ídolo, agora me veem como um milagre, não acreditam que eu sobrevivi. Nossa vida é assim, uma luta constante. 

Fonte: msn.com


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